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A busca pelo sagrado em tempos de pandemia e a (re)construção da identidade

Por Zuleica do C. Garcia de Barcelos



Há meses, o mundo encontra-se mergulhado em uma crise sanitária e econômica, devido a pandemia que se alastrou pelos continentes exigindo de todos, o isolamento social. O COVID-19 teve sua primeira aparição na China, que foi alvo de discursos xenofóbicos contra sua população, sendo apontados como culpados pela propagação do vírus. Entretanto, com um mundo globalizado, fica difícil manter-se restrito a ameaça viral, a um só país.


O isolamento nesse momento é um ato político. Evitar aglomerações, encontros coletivos, beijos e abraços tornou-se algo inevitável para evitar a propagação do vírus. As exigências sanitárias são necessárias e para muitos tornou-se um desconforto que vai além do “suportável”. Situações de ansiedade, estresse, angústia e depressão começam a estar presentes na vida de muitos que encontram-se em confinamento. O confronto com o sofrimento, exige a busca pelo alívio.


E essa busca, muitas vezes, apresenta-se em forma de reza, de oração, de meditação podendo ser classificados como formas de diálogos existentes para o encontro com o sagrado. E é nessa força superior, que as pessoas tem encontrado alento às situações mais diferentes que possam acontecer no dia a dia. O sagrado sendo está manifestação de força, de potência, está para ajudar a superar as dificuldades, bem como, indicar o caminho que não se deve seguir, para aqueles que tem medo.


Ter fé, do latim, fides (fidelidade), é confiar, crer no invisível. A visita aos templos, sinagogas, terreiros, igrejas por hora impossível, tem permitido às pessoas vivenciarem tempos de reflexão em várias dimensões. A experiência da busca, do encontro e da relação com o sagrado é algo intransferível e inesgotável, permitindo assim, a construção contínua da identidade (ipse) daquele que peregrina ao seu interior. O indivíduo não se anula nessa construção, mas, passa a agregar valores que somam a sua identidade pessoal. Identidade essa calcada ao longo da história humana, marcada pelas dimensões idem (fixo) e ipse (em construção).


Se refazer, se reconstruir através dessa espiritualidade que se centra na informalidade caracterizando-se pela imersão de si mesmo, significa estar disposto a viver melhor. A ver o outro como sua responsabilidade, assim como, manter o cuidado com o cosmos. Ao final, tudo possa ter servido de possibilidades para novos recomeços, novos pensamentos, novos direcionamentos e novos olhares ao outro e a si mesmo. Que a (re)construção seja constante!

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